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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Terraceamento: Redução de mão de obra gera menor custo de produção

Terraceamento: Redução de mão de obra gera menor custo de produção

Por Anderson William Dominghetti, doutorando em Fitotecnia da Ufla
e Daniel de Souza Reis Junior, graduando Agronomia da Ufla

Atualmente, a cafeicultura de montanha tem passado por obstáculos, sendo os principais deles o alto custo da mão de obra e sua escassez no mercado, que conciliado ao baixo rendimento das operações, tanto nos tratos culturais quanto na colheita, aumentam o custo de produção e diminuem a sua competitividade em relação aos cafeeiros mecanizados.
O terraceamento, também conhecido como banquetas ou micro terraços tem por objetivo a construção de ‘’pequenas estradas’’ nas entrelinhas da cultura, de tal forma que transforme uma área declivosa em área mecanizável, ou seja, uma região em que a topografia proporcionava apenas atividades manuais é adaptada para receber tratores estreitos com implementos que realizem os tratos culturais da lavoura, como: roçadas, aplicações foliares, correções de solo e adubações.
Construindo os terraços
Apesar de serem práticas milenares, como os utilizados pelos chineses no cultivo do arroz a milhares de anos, os terraços atualmente vêm conquistando grande espaço no mundo cafeeiro e despertando o interesse de diversos produtores em busca de maiores conhecimentos sobre sua construção, rendimento da atividade e custos futuros. Desta forma seguem algumas informações importantes.
•          Modo de construção:
Geralmente são construídos por máquinas pequenas, como tratores estreitos de pneu, mini retro escavadeira, pequenos tratores de esteira importados ou manualmente com o uso de enxadões, nesse caso em pequenas lavouras. Vale salientar que a construção deve ser feita após a colheita, de tal forma que as operações futuras na lavoura ajudem-na a recuperar-se, pois no momento da construção o revolvimento de terra e o transito contínuo de máquinas nas entrelinhas acarreta um estresse ao cafeeiro, devendo assim manter-se uma distância de 50 cm da linha de plantio para evitar grandes danos às plantas, como quebras de ramos e exposição excessiva do sistema radicular. Após a construção dos terraços deve-se fazer uma pulverização com cobre evitando entrada de patógenos nos ferimentos ocasionados pelas máquinas que causaram prejuízos futuros a lavoura. A escolha do método de construção está relacionada a diversos fatores, dentre eles: a declividade do terreno, o tipo de solo, espaçamento da cultura, potencial de investimento e finalidade do terraço.
•          Rendimento da operação:
O rendimento com que a operação é realizada está relacionado aos fatores acima apresentados, de tal forma que cada terreno se adaptará a uma determinada condição. A seguir serão apresentadas algumas dessas condições:
1.         Terrenos com alta declividade com solos arenosos: No caso de possuírem solos arenosos geralmente é recomendado o esqueletamento da lavoura anteriormente ao terraceamento, de modo que os ramos segurem o aterro formado, conciliado ao uso da mini retroescavadeira ou pequenos tratores de esteira, pois o uso do trator de pneu torna a atividade perigosa por sua menor estabilidade e peso para compactação dos terraços.
2.         Terrenos com alta declividade com solos de textura média ou argilosos: No caso de possuírem solos de textura média ou tendendo a argilosos pode-se utilizar qualquer um dos três maquinários, a escolha levará em conta o espaçamento da lavoura e o grau de investimento que o produtor realizará para a construção, em algumas situações dependendo do espaçamento não é necessário realizar o esqueletamento da lavoura.
3.         Espaçamento da lavoura: Está diretamente ligado a escolha do maquinário e o rendimento da operação, pois o custo de trabalho por hora de cada maquinário e seus rendimentos são diferentes, como mostra a tabela abaixo:
Maquinário (Exemplos)          Largura da máquina (m)         Rendimento
(horas/ha)        Custo por hora (R$)   Largura dos terraços prontos (m)
Trator de esteira         1,50     15 – 25            120      1,70 – 2,0
Mini retro escavadeira            0,85 – 1,35      35 – 40            75        1,0 – 1,50
Trator estreito 1,18 – 1,35      25 – 35            70        1,40 – 1,60
4.         Finalidade do terraço: A finalidade do terraço está relacionada com sua forma de construção e as atividades que futuramente serão realizadas, pois a compactação na hora da construção influenciará na vida útil e na segurança de trabalho para desenvolver os posteriores tratos culturais.
5.         Exceções: Terrenos em que a lavoura não permite a entrada de nenhum maquinário seja pela topografia, tipo de solo ou espaçamento muito adensado são feitos terraços com enxadão com larguras de 30 a 50 cm, apenas para aumentar o rendimento dos trabalhadores na hora da execução dos tratos culturais facilitando a locomoção dos mesmos nas entrelinhas da cultura. Esse tipo de prática se torna viável somente em pequenos talhões, devido à dificuldade de execução da mesma.
Implementos utilizados nos tratos culturais
Depois de prontos os terraços estão aptos a receber os tratores de pneus ou motos para realização de operações. Sendo dentre essas: pulverizações, correções de solo, roçadas, adubações.Dentre os tratos culturais alguns não possuem maquinários adaptados ao terraço, tais como: arruadores e esqueletadores, no entanto o principal gargalo que tem causado questionamentos por parte dos produtores na hora de realizar o investimento é a falta de implementos para colheita.
Vantagens e desvantagens do investimento
Como todo investimento o terraceamento possui seus pontos positivos e negativos. Valem ressaltar ambos os lados e cada produtor deve avaliar o caso em que se enquadra e decidir se é uma ação favorável à sua situação. A seguir serão apresentados alguns critérios que permitem caracterizar como vantagens e desvantagens o emprego dos terraços.
•          Vantagens: Como critério básico e principal vantagem cita-se a diminuição do trabalho manual deixando o produtor menos dependente de mão de obra, que se encontra cada vez mais escassa no mercado, diminuindo assim os gastos pelo maior rendimento das máquinas com relação ao trabalho manual, que é mais oneroso.
•          Desvantagens: Por ser uma técnica nova no ramo cafeeiro ainda existem poucos conhecimentos sobre o assunto e sobre as consequências futuras, principalmente para o solo, que conciliados com a falta de profissionais qualificados a operar as máquinas e a escassez de maquinários adaptados tornam o investimento inicial alto. A qualidade final do terraço é variável de acordo com o tipo de solo e declividade o que pode gerar mais manutenções do mesmo e riscos de erosão em solos arenosos podendo assim prejudicar a lavoura se não for obedecido os critérios corretos para sua construção.
Fonte: cafépoint

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