Terraceamento:
Redução de mão de obra gera menor custo de produção
Por Anderson William Dominghetti,
doutorando em Fitotecnia da Ufla
e Daniel de Souza Reis Junior, graduando
Agronomia da Ufla
Atualmente, a cafeicultura de montanha
tem passado por obstáculos, sendo os principais deles o alto custo da mão de
obra e sua escassez no mercado, que conciliado ao baixo rendimento das
operações, tanto nos tratos culturais quanto na colheita, aumentam o custo de
produção e diminuem a sua competitividade em relação aos cafeeiros mecanizados.
O terraceamento, também conhecido como
banquetas ou micro terraços tem por objetivo a construção de ‘’pequenas
estradas’’ nas entrelinhas da cultura, de tal forma que transforme uma área
declivosa em área mecanizável, ou seja, uma região em que a topografia
proporcionava apenas atividades manuais é adaptada para receber tratores
estreitos com implementos que realizem os tratos culturais da lavoura, como:
roçadas, aplicações foliares, correções de solo e adubações.
Construindo os terraços
Apesar de serem práticas milenares, como
os utilizados pelos chineses no cultivo do arroz a milhares de anos, os
terraços atualmente vêm conquistando grande espaço no mundo cafeeiro e despertando
o interesse de diversos produtores em busca de maiores conhecimentos sobre sua
construção, rendimento da atividade e custos futuros. Desta forma seguem
algumas informações importantes.
• Modo
de construção:
Geralmente são construídos por máquinas
pequenas, como tratores estreitos de pneu, mini retro escavadeira, pequenos
tratores de esteira importados ou manualmente com o uso de enxadões, nesse caso
em pequenas lavouras. Vale salientar que a construção deve ser feita após a
colheita, de tal forma que as operações futuras na lavoura ajudem-na a
recuperar-se, pois no momento da construção o revolvimento de terra e o
transito contínuo de máquinas nas entrelinhas acarreta um estresse ao cafeeiro,
devendo assim manter-se uma distância de 50 cm da linha de plantio para evitar
grandes danos às plantas, como quebras de ramos e exposição excessiva do
sistema radicular. Após a construção dos terraços deve-se fazer uma
pulverização com cobre evitando entrada de patógenos nos ferimentos ocasionados
pelas máquinas que causaram prejuízos futuros a lavoura. A escolha do método de
construção está relacionada a diversos fatores, dentre eles: a declividade do
terreno, o tipo de solo, espaçamento da cultura, potencial de investimento e
finalidade do terraço.
• Rendimento
da operação:
O rendimento com que a operação é
realizada está relacionado aos fatores acima apresentados, de tal forma que
cada terreno se adaptará a uma determinada condição. A seguir serão
apresentadas algumas dessas condições:
1. Terrenos
com alta declividade com solos arenosos: No caso de possuírem solos arenosos
geralmente é recomendado o esqueletamento da lavoura anteriormente ao
terraceamento, de modo que os ramos segurem o aterro formado, conciliado ao uso
da mini retroescavadeira ou pequenos tratores de esteira, pois o uso do trator
de pneu torna a atividade perigosa por sua menor estabilidade e peso para
compactação dos terraços.
2. Terrenos
com alta declividade com solos de textura média ou argilosos: No caso de
possuírem solos de textura média ou tendendo a argilosos pode-se utilizar
qualquer um dos três maquinários, a escolha levará em conta o espaçamento da
lavoura e o grau de investimento que o produtor realizará para a construção, em
algumas situações dependendo do espaçamento não é necessário realizar o
esqueletamento da lavoura.
3. Espaçamento
da lavoura: Está diretamente ligado a escolha do maquinário e o rendimento da
operação, pois o custo de trabalho por hora de cada maquinário e seus
rendimentos são diferentes, como mostra a tabela abaixo:
Maquinário
(Exemplos) Largura da máquina (m) Rendimento
(horas/ha) Custo por hora (R$) Largura dos terraços prontos (m)
Trator de
esteira 1,50 15 – 25 120 1,70 – 2,0
Mini retro
escavadeira 0,85 – 1,35 35 – 40 75 1,0 – 1,50
Trator estreito 1,18 – 1,35 25
– 35 70 1,40 – 1,60
4. Finalidade
do terraço: A finalidade do terraço está relacionada com sua forma de
construção e as atividades que futuramente serão realizadas, pois a compactação
na hora da construção influenciará na vida útil e na segurança de trabalho para
desenvolver os posteriores tratos culturais.
5. Exceções:
Terrenos em que a lavoura não permite a entrada de nenhum maquinário seja pela
topografia, tipo de solo ou espaçamento muito adensado são feitos terraços com
enxadão com larguras de 30 a 50 cm, apenas para aumentar o rendimento dos
trabalhadores na hora da execução dos tratos culturais facilitando a locomoção
dos mesmos nas entrelinhas da cultura. Esse tipo de prática se torna viável
somente em pequenos talhões, devido à dificuldade de execução da mesma.
Implementos utilizados nos tratos
culturais
Depois de prontos os terraços estão
aptos a receber os tratores de pneus ou motos para realização de operações.
Sendo dentre essas: pulverizações, correções de solo, roçadas, adubações.Dentre
os tratos culturais alguns não possuem maquinários adaptados ao terraço, tais
como: arruadores e esqueletadores, no entanto o principal gargalo que tem
causado questionamentos por parte dos produtores na hora de realizar o
investimento é a falta de implementos para colheita.
Vantagens e desvantagens do investimento
Como todo investimento o terraceamento
possui seus pontos positivos e negativos. Valem ressaltar ambos os lados e cada
produtor deve avaliar o caso em que se enquadra e decidir se é uma ação
favorável à sua situação. A seguir serão apresentados alguns critérios que
permitem caracterizar como vantagens e desvantagens o emprego dos terraços.
• Vantagens:
Como critério básico e principal vantagem cita-se a diminuição do trabalho
manual deixando o produtor menos dependente de mão de obra, que se encontra
cada vez mais escassa no mercado, diminuindo assim os gastos pelo maior
rendimento das máquinas com relação ao trabalho manual, que é mais oneroso.
• Desvantagens:
Por ser uma técnica nova no ramo cafeeiro ainda existem poucos conhecimentos
sobre o assunto e sobre as consequências futuras, principalmente para o solo,
que conciliados com a falta de profissionais qualificados a operar as máquinas
e a escassez de maquinários adaptados tornam o investimento inicial alto. A qualidade
final do terraço é variável de acordo com o tipo de solo e declividade o que
pode gerar mais manutenções do mesmo e riscos de erosão em solos arenosos
podendo assim prejudicar a lavoura se não for obedecido os critérios corretos
para sua construção.
Fonte: cafépoint
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