A importância das fibras na nossa alimentação
* Dra. Alexsandra Rosa
A fibra, um dos componentes dos
alimentos vegetais que nos seres humanos não pode ser digerida pelas secreções
gastrointestinais, até pouco tempo era praticamente ignorada pelos
pesquisadores da área de nutrição e alimentos. Por ser indigerível e de valor nutricional
negligenciável, ela ficava de lado até mesmo na formulação de dietas saudáveis.
Contudo, nos últimos anos este nutriente ganhou importância especial através de
observações epidemiológicas e clínicas que relacionaram a ocorrência de certas
enfermidades (doença cardiovascular, câncer de cólon, diabetes....) à dietas
pobres em fibras. Além disso, os mecanismos de ação pelos quais as fibras
normalizam a função gastrointestinal, prevenindo a constipação (intestino
preso), já foram definidos pelos pesquisadores.
O objetivo desta matéria, portanto, é
difundir a importância deste nutriente para nossa saúde, e conscientizar as
pessoas da importância de se aumentar a ingestão de forma a usufruir de todos
os benefícios proporcionados por ela.
Fibra
e a Prevenção de Doenças
As fibras presentes nos alimentos
vegetais podem existir de duas formas:
insolúvel ou solúvel. Embora essas duas
frações atuem no nosso organismo de maneira diferente, ambas trazem benefícios
à nossa saúde.
A
fração insolúvel é encontrada nos cereais (farelos de um modo geral),
hortaliças, frutas (especialmente nas cascas) e leguminosas. Este tipo de fibra
atua principalmente na parte inferior do nosso intestino (intestino grosso),
aumentando o volume fecal e fazendo com que haja a produção de fezes mais
macias. Por isso, elas estão relacionadas à prevenção de prisão de ventre e de
doenças como diverticulite e câncer de cólon.
Os mecanismos pelos quais as fibras
insolúveis exercem seus efeitos são simples. Como elas não são digeridas e nem
absorvidas pelo organismo, elas aumentam a quantidade de resíduos no intestino,
o que aumenta o bolo fecal; e como essas fibras têm a capacidade de absorver
água, as fezes ficam mais macias e a movimentação intestinal fica facilitada.
A fração solúvel é encontrada
principalmente em alimentos como a aveia, cevada, frutas cítricas (bagaço),
maçã (casca), goiaba e em certas gomas e mucilagens (goma guar, goma acácia,
entre outras), muito utilizadas na indústria de alimentos como espessantes e
fontes de fibras. Este tipo de fibra atua principalmente na parte superior do
trato gastro-intestinal, mais especificamente no estômago e no intestino
delgado, onde ocorre a digestão e absorção dos nutrientes. A ação dessas fibras
nesses dois órgãos promove vários efeitos:
• atraso do esvaziamento do estômago
(promove saciedade = importante no tratamento da obesidade)
• atraso da absorção de nutrientes como
a glicose ( promove menor elevação da taxa de glicose no sangue = importante no
tratamento do diabetes)
• aumento da excreção de ácidos biliares
(promove menor absorção do colesterol importante no tratamento de doenças
cardiovasculares)
Abaixo
apresento resumidamente os benefícios do consumo de fibras para o nosso
organismo:
Redução do colesterol total; Redução do LDL
colesterol (mau colesterol); Aumento do HDL colesterol (bom colesterol) ;
Redução dos triglicerídios.
Redução da hiperglicemia (controle do
diabetes); Aumento da sensibilidade do músculo à insulina.
Redução da pressão sistólica e diastólica
Controle de peso: Redução da ingestão de
energia e gorduras; Aumento da sensação de saciedade; Alguma perda da energia
consumida
Problemas intestinais: Alívio da prisão
de ventre; Prevenção de doenças como diverticulite, câncer de cólon e síndrome
do intestino irritado
Recomendações
para prevenir doenças
Embora não haja recomendações
específicas em relação à quantidade de fibras dietéticas, vários estudos
recomendam um aumento da sua ingestão. O "National Cancer Institute"
(Instituto Nacional do Câncer) recomenda uma ingestão diária de 20 a 30g, com
um máximo de 35g. O excesso de fibras pode interferir com a absorção de zinco e
cálcio, especialmente em crianças e idosos.
A ingestão deve consistir de quantidades
iguais de fibras solúvel e insolúvel e pode ser obtida com 05 ou mais tipos de
frutas e vegetais e 06 tipos de grãos totais (cereais e leguminosas). Deve
ficar claro que não é possível obter quantidades adequadas e variadas de fibras
apenas pela ingestão de grandes quantidades de frutas e vegetais, já que esses
possuem menor quantidade de fibras quando comparados aos grãos integrais,
devido ao seu alto teor de água.
Os
alimentos ricos em fibras são:
• Cereais processados à base de farelo
(farelo de trigo, arroz, aveia, cevada, etc)
• Leguminosas (feijão, ervilha, grão de
bico, lentilha, etc)
• Frutas (maçã, pêra, goiaba e pêssego
com casca, frutas cítricas como laranja e mexerica incluindo o bagaço,
uva-passa)
• Hortaliças (batata com casca,
brócolis, cenoura, couve, repolho, etc)
Dicas para enriquecer sua alimentação com fibras
• Consuma várias porções de frutas ao
dia. Dê preferência à fruta inteira em vez do suco. E para obter uma maior
quantidade de fibras procure comê-las com casca e bagaço, se for possível;
• Aumente o seu consumo de cereais e
leguminosas. Selecione cereais integrais ou produtos à base dos mesmos, em
lugar de cereais refinados. Para obter uma maior quantidade de fibras, procure
adicionar farelos de trigo, aveia, arroz, etc no preparo de bolos, sopas e
vitaminas;
• Aumente o consumo de hortaliças. Uma
dica é adicionar farelo de talos e folhas no preparo de sopas, refogados,
bolinhos, etc.
• No lanche das crianças, substitua
doces e frituras por frutas frescas;
• Nas refeições em restaurantes, inclua
verduras e saladas e peça frutas como sobremesa.
Sendo assim, a minha sugestão é: aumente
o seu consumo diário de fibras, mas não se esqueça que esse aumento deve ser
gradual e acompanhado de um aumento no consumo de água.
Mais informações, procure a orientação
de um profissional nutricionista qualificado da sua confiança.
**Dra.
Alexsandra Rosa. Nutricionista Clínica e Alimentação Coletiva na UAN
Restaurante Popular de Itabuna, Pós Graduada em Saúde Pública e Pós Graduanda
em Nutrição Clínica e Fitoterapia.
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