Salvador cresceu
e ficou moderna sem perder o valor de sua história
Primeira capital do Brasil comemora 465
anos neste sábado planejando seu futuro
Com o aspecto de metrópole moderna
ressaltado por imagens arrojadas de construções que contornam principalmente a
orla oceânica, Salvador surpreende ao completar 465 anos como uma cidade
pulsante. Com três milhões de habitantes, é um grande centro urbano que está
entre os três maiores do país, e também no ranking das maiores cidade do mundo.
Mas tem a vantagem de não perder a fama de cidade histórica e não ofuscar o
conjunto de monumentos (Pelourinho) que lhe conferiram o titulo de “Patrimônio
Cultural da Humanidade”, concedido pela Unesco em 1985.
De acordo com o documento “Perspectivas
do relatório mundial de urbanização”, publicado pela Organização das Nações
Unidas em 2011, Salvador aparece como a 81ª cidade do planeta, com população
metropolitana de 3,9 milhões. Em números atualizados para 2013, a população da
região metropolitana de Salvador ultrapassa 4,3 milhões de habitantes.
Como centro econômico, Salvador se destaca
por concentrar quase um quarto de todas as riquezas geradas na Bahia, com o PIB
de cerca de R$ 39 bilhões, de acordo com os últimos dados divulgados pelo IBGE
que correspondem ao levantamento para o ano de 2011. Isso não leva em conta os
PIBs dos municípios da Região Metropolitana de Salvador que garantem projeção
econômica em função da proximidade com a capital.
Urbanismo e Renascimento - A combinação
de modernidade e de história permite outros destaques para a capital baiana no
Brasil e no mundo. Afinal, a criação de Salvador, em 1549, como uma cidade
planejada para ser capital do Brasil, ultrapassa a importância de um feito
apenas nacional. Para os pesquisadores, é um dos momentos marcantes na história
do urbanismo moderno, por se tratar de uma das primeiras cidades planejadas na
época do Renascimento.
Para construir Salvador, o Rei D. João
III mobilizou uma estrutura logística que teria destaque mesmo se acontecesse
hoje. Vieram mais de um mil funcionários para estruturar a cidade fortaleza e
um contingente de 600 soldados para garantir a defesa. A comitiva saiu de
Portugal em primeiro de fevereiro de 1549 e, antes de completar dois meses,
desembarcou na Barra em 29 de março, data oficial de fundação da cidade. No
local existia desde 1535 a Vila do Pereira, criada por Francisco Pereira
Coutinho, donatário da Capitania Hereditária da Baía de Todos os Santos.
Evolução da metrópole - Circulando hoje
pela capital, é possível identificar marcos e fatos de uma história singular
que interessa muito ao mundo no estudo da modernidade urbana. O principal
desses símbolos é o “Marco da Fundação da Cidade”, uma coluna em pedra de Lioz,
com 6 metros de altura, colocado no Porto da Barra pela colônia portuguesa na
Bahia, em 1952. Restaurado em 2013, é o local onde o fidalgo português Tomé de
Souza, nomeado pelo rei de Portugal como Governador-Geral do Brasil,
desembarcou para fundar Salvador em 1549.
No mar da Baía de Todos os Santos, bem
defronte ao núcleo urbano projetado inicialmente para Salvador, está o Forte do
Mar, construído no inicio do século XVII e que mostra a preocupação em defender
as riquezas da cidade fundada havia pouco mais de 50 anos. Com o nome oficial
de Forte de Nossa Senhora do Pópulo e São Marcelo, é o único do país construído
de forma circular.
O Pelourinho, formado por casarões,
palacetes e principalmente ricas igrejas decoradas com até 460 quilos de ouro
em pó, como é o caso da Igreja do Convento de São Francisco, urgiu para servir
de moradia dos ricos produtores de açúcar e criadores de gado. É um dos maiores
conjuntos urbanos do período Barroco no mundo.
Casarões do Império - A evolução da
riqueza e do poder em Salvador motivou um deslocamento da elite local do
Pelourinho para o Corredor da Vitória, no período imperial do século XIX. Os
casões construídos com uma novidade moderna para a época, que eram os banheiros
nos dormitórios e espaços nobres das residências, ainda resistem à especulação
imobiliária.
Na virada do século XIX para o século
XX, Salvador aderiu ao conceito de modernização urbana, iniciada em Paris e
adotada pelo Rio de Janeiro, e construiu, em 1915, a Avenida 7 de Setembro,
então a sua maior via de circulação com extensão de pouco mais de quatro
quilômetros, entre o Centro e a Barra.
A modernização e internacionalização da
economia de Salvador ficaram marcadas pela construção do primeiro centro
financeiro. O bairro Comércio surgiu sobre um aterro de parte das águas da Baía
de todos os Santos, em 1920, para concentrar bancos, financeiras, casas de
câmbios e agencias de exportação. O modelo de concentração de atividades
financeiras é o mesmo de Londres e região de Wall Street, em Nova York.
Salvador seguiu o modelo de evolução
internacional também nas atividades do comércio varejista e, a partir dos anos
1970, começou a deslocar lojas de vestuário, magazines e restaurantes para os
shoppings centers. Alguns dos maiores centros comercias desse tipo do país
estão em Salvador, que completa, neste sábado, 465 anos de vida planejando o
seu futuro.
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