Homens
conquistam espaço nos tabuleiros de acarajé
Seguindo a tradição familiar, passaram
de ajudantes a protagonistas e hoje mantém clientela com simpatia e qualidade
As baianas de acarajé estão no comando
dos tabuleiros há muito tempo, mas hoje o mercado atrai também os homens.
Gregório Batista, na Barra, e Luiz Santos, na Mouraria, são dois exemplos que
deram certo. Eles garantiram uma clientela não só pela qualidade, mas também pela
simpatia e tiveram que vencer obstáculos para garantir um espaço no ramo. E têm
muito o que comemorar na próxima segunda-feira, Dia Nacional da Baiana de
Acarajé.
Aos 52 anos, Gregório está na atividade
há mais de três décadas. Ainda adolescente, aos 13, começou a ajudar a mãe, a
também baiana Chica, no ofício. Tradição de família, em 1991 ele decidiu
procurar um espaço próprio, fez cursos de manuseio de alimentos e de vigilância
sanitária para também vender os quitutes em eventos fechados. A própria mãe do
quituteiro não aceitou a profissão do filho de início, mas aos poucos se
acostumou com a ideia.
Ele acorda ainda de madrugada para
preparar o material, às 4h, e acredita que conquistou o espaço com persistência
e qualidade. “Por se de família de baianas, conquistei essa qualidade e, hoje,
tem clientes de minha mãe que compram comigo. É uma profissão trabalhosa, mas
recompensante”, afirmou. Além dele, outros três irmãos homens também estão na
profissão: Gegê e Val, na Pituba, e Zé, em Jaguaribe.
No bairro da Mouraria, quem atrai a
clientela desde o momento em que a barraca é instalada é Luiz Santos, que há 20
anos vende acarajé e abará no bairro. O baiano começou em 1994 não só na
localidade, mas também na cidade mineira de Teófilo Otoni. Desde cedo ele
ajudava as baianas na comunidade do Maciel, então para ele não houve empecilho
em enveredar na profissão. Às 4h30, ele vai à feira comprar os produtos e
começa a preparar os quitutes com a ajuda de duas pessoas que trabalham com
ele.
Da família, apenas Luiz é baiano, e ele
garante que vale a pena. Com a renda, conseguiu formar a filha, que hoje já
possui até doutorado. “Ser baiano de acarajé não é fácil, mas mantive meu preço
fixo há mais de dez anos e com qualidade, o que importa muito”. Ele lembra também
que os homens não tinham espaço no ramo, mas que hoje a situação mudou. “Antes
os homens eram apenas ajudantes. No meu caso, mesmo, sou hoje associado da
Abam”.
O ofício das baianas de acarajé foi
registrado, em 2005, como Patrimônio Cultural imaterial do Brasil pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ministério da Cultura
(Iphan). Também no mesmo ano, o acarajé também foi reconhecido como Patrimônio
Cultural de Salvador pela Câmara Municipal.
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