Emenda do voto
aberto para cassações e vetos é promulgada pelo Congresso
Deputados condenados no processo do
mensalão já terão a perda de seus mandatos votada de forma aberta pelo
Plenário; extensão da medida para os legislativos estaduais e eleições dos
presidentes da Câmara e do Senado, porém, ainda será analisada na forma de
outra PEC.
O Congresso Nacional (sessão conjunta da
Câmara dos Deputados e do Senado) promulgou nesta quinta-feira a Emenda
Constitucional 76, que acaba com as votações secretas nos processos de cassação
de deputados e senadores e no exame de vetos presidenciais.
Originalmente, a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 349/01, aprovada em setembro pela Câmara, proibia o voto
secreto em qualquer deliberação do legislativo brasileiro. No entanto, os
senadores decidiram fatiar o texto em duas partes. Assim, a parte da proposta
não acatada pelo Senado voltará para análise da Câmara na forma de outra PEC.
A Emenda Constitucional 76 não prevê o
voto aberto para a escolha de autoridades – que é uma função exclusiva do
Senado Federal –, nas eleições das mesas diretoras das duas casas e em
deliberações das assembleias legislativas, da Câmara Legislativa do Distrito
Federal e das câmaras de vereadores.
Para o presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves, ao aprovar o voto aberto para cassações de mandatos e para a
análise de vetos presidenciais, o Congresso caminha ao encontro dos anseios do
povo brasileiro, que foi às ruas em junho clamando por melhores serviços
públicos, mas também por mais ética na vida pública.
“Não há mais espaço na política
brasileira para o obscurantismo das decisões envergonhadas e escondidas. Quem
quer realmente representar o nosso povo tem que se abrir a esta sociedade mais
alerta aos fatos políticos, que cobra melhores serviços públicos, mais
educação, mais cultura, e um meio ambiente mais saudável. Que cada um assuma as
suas posições legítimas e busque a cada eleição o reconhecimento popular”,
sustentou Alves.
O presidente da Câmara ainda comentou
que a Mesa deve apresentar um projeto de resolução para adaptar o regimento
interno à emenda constitucional do voto aberto. Segundo ele, isso nem seria
necessário, porque a Constituição se sobrepõe ao regimento, mas a proposta será
apresentada para garantir a segurança jurídica do processo.
Fatiamento
Os debates no Senado revelaram opiniões
divididas, e o fatiamento da proposta ocorreu por meio de destaques ao texto
apresentados pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR). De um lado, senadores em
defesa do direito da população de saber como votam seus parlamentares. De
outro, argumentos a favor de que algumas votações devem permanecer secretas
para preservar a instituição do Senado Federal.
O presidente do Congresso, senador Renan
Calheiros, afirmou, no entanto, que o texto aprovado tem o apoio da maioria nas
duas casas. Calheiros destacou ainda que o Brasil está mudando e que as
instituições precisam acompanhar as mudanças, sob pena de verem comprometida a
própria credibilidade.
“As leis precisam ser modificadas na
qualidade e na velocidade em que a sociedade pede”, disse ele, também citando o
atendimento ao clamor popular por mais ética e transparência na vida pública. O
presidente do Congresso destacou ainda a aprovação pelo Parlamento de outras
propostas que vão ao encontro do anseio popular, como a que torna corrupção
crime hediondo e o que prevê ficha limpa para servidores públicos.
Com a promulgação, os deputados
condenados na ação penal do mensalão, por exemplo, já deverão ter a cassação
analisada em votação aberta. Os deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP), João
Paulo Cunha (PT-SP) e José Genoino (PT-SP), além de Pedro Henry (PP-MT), foram
condenados à prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e perderam os direitos
políticos.
FONTE: AGÊNCIA CÂMARA
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