Globo cresceu às
custas da Embratel, financiada com dinheiro público
O jornalismo que
ataca a democracia
No dia 26 de abril, a Rede Globo, maior
conglomerado de comunicação do país, fará uma grande festa para comemorar seus
50 anos.
Os movimentos sociais que lutam pela
democratização das comunicações brasileiras se organizam para, no dia 23,
promoverem atos intitulados de “descomemoração”.
É a resposta da sociedade organizada a
um grupo jornalístico que, nesse meio século de existência, tem prestado um
enorme desserviço à verdade e à democracia.
Criada oficialmente em abril de 1965, a
TV Globo nasceu sob as bênçãos da ditadura que, um ano antes, havia promovido o
golpe militar contra o governo legitimamente eleito de João Goulart.
Em setembro daquele mesmo ano, o governo
militar criaria a Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações). A ideia
era montar uma grande infraestrutura nacional que pudesse levar aos brasileiros
de todas as regiões a visão única e reacionária dos militares.
A TV Globo forneceria o conteúdo e a
Embratel, a rede de telecomunicações. Num processo de canibalização de diversas
emissoras regionais, a Globo se transformou numa potência de comunicação. E
jamais foi uma afilhada mal agradecida.
Durante todo o período militar a Rede
Globo serviu com entusiasmo seus padrinhos. O símbolo maior dessa subserviência
foi um programa lançado na TV Tupi, mas imediatamente contratado pela TV Globo
– Amaral Netto, o Repórter.
Apresentado por um ex-deputado udenista
que passou pelo MDB e, a partir de 1966, se filiou ao partido oficial da
ditadura, a Arena, o programa era o porta-voz dos “grandes feitos” militares.
Apresentado em horário nobre – primeiro aos sábados e, depois, aos domingos à
noite – durou de 1968 a 1983.
Em 1984, quando os brasileiros voltaram
a ocupar as ruas em manifestações populares exigindo eleições diretas para a
presidência da República, o governo do general João Figueiredo agiu com a
truculência de sempre tentando impedir o avanço da campanha das Diretas Já.
Contou com o aliado de todas as horas, o
Sistema Globo, que escondia as manifestações até ser atropelado pelas multidões
que lotavam as avenidas do Rio e de São Paulo e, em seguida, de todas as
capitais brasileiras. Apesar disso, a Emenda Dante de Oliveira foi rejeitada na
Câmara dos Deputados.
Com a redemocratização, em 1985, e a
inesperada posse de José Sarney na presidência, as Organizações Globo se
mantiveram ao lado dos vitoriosos.
E conseguiram emplacar ninguém menos que
um grande amigo da família, o político baiano Antônio Carlos Magalhães, como
ministro das Comunicações. Conhecido como Toninho Malvadeza, o ministro fez
justiça ao apelido, perseguindo políticos desafetos e trabalhadores.
Em 1987, Magalhães tentou beneficiar a
Globo, passando por cima da lei, no chamado Caso Vicom. A Vicom era um
consórcio formado pelas Organizações Globo, Bradesco e Victori Comunicações
para explorar um serviço de comunicações de dados, prerrogativa exclusiva da
Embratel, então estatal.
O contrato só não foi adiante porque os
trabalhadores da Embratel, a partir do Rio de Janeiro, realizaram uma greve
nacional.
No processo de elaboração da
Constituição de 1988, a Globo liderou os setores que se opunham ao Capítulo da
Comunicação Social. Por força dessa pressão, que permanece, até hoje os artigos
220 e 223 da Constituição não foram regulamentados.
Sempre na contramão dos interesses
populares, na eleição de 1989, a primeira depois do fim da ditadura, a Globo
editou o debate entre Collor e Lula, favorecendo Fernando Collor, o “Caçador de
Marajás”, candidato dos meios de comunicação e das elites.
Collor foi afastado em 1992, depois de
ter sofrido o impeachment, e a Globo desembarcou de mala e cuia na campanha de
Fernando Henrique Cardoso.
Apoio que se estendeu pelos dois
mandatos de FHC, o presidente que teve um destacado papel na destruição da
indústria nacional, privatizando e desnacionalizando um setor chave, o das
telecomunicações.
Em 31 de agosto de 2013, editorial do
jornal O Globo intitulado “Apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro”, fazia
uma autocrítica às posturas adotadas pelo grupo jornalístico.
Em determinado trecho, o editorial
afirma que “a lembrança é sempre um incômodo para o jornal, mas não há como
refutá-la. É História.
O Globo de fato, à época, concordou com a
intervenção dos militares, ao lado de outros grandes jornais, como o Estado de
São Paulo, Jornal do Brasil e o Correio da Manhã“. Os fatos recentes demonstram
que essa autocrítica foi mais uma jogada de marketing.
As Organizações Globo continuam na linha
de frente do combate aos trabalhadores e à democratização do país. Apoia a lei
nefasta da terceirização em massa, o PL 4330/04, e se coloca contra qualquer
tentativa de regulação da mídia.
As manifestações programadas para o dia
23 pretendem demonstrar que a sociedade brasileira está cansada de
manipulações.
por Instituto Telecom, 21 de abril de
2015
FONTE: VIOMUNDO
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