Salinidade das
águas do Rio Almada é tema da tese do programa de Doutorado
Pesquisa demonstra que no período de
estiagem a cunha salina avança cerca de 40 km da foz do rio, além dos limites
do estuário, alcançando fonte de captação de água para o abastecimento público.
Pesquisa indica "Dinâmica da
salinidade nas águas superficiais no curso inferior de uma bacia hidrográfica
costeira" e foi tema da primeira tese do Programa de Doutorado em
Associação Plena em Rede de Desenvolvimento e Meio Ambiente, na Universidade
Estadual de Santa Cruz - UESC. Foi
defendida pelo Prof. Dr. José Wildes Barbosa dos Santos, Universidade Estadual
do Sudoeste da Bahia (UESB).
Tendo como área de concentração
"Planejamento e Gestão Ambiental no Trópico Úmido" a pesquisa destaca
a necessidade de instrumentos capazes de subsidiar a gestão integrada dos recursos
hídricos na zona costeira. Esse é um dos principais desafios no campo
científico, a crescente demanda por água em quantidade e qualidade exige o
direcionamento de esforços no que se refere ao desenvolvimento de procedimentos
e métodos que contemplem as inter–relações de sistemas distintos que são as
águas interiores de bacias hidrográficas costeiras e os sistemas estuarinos,
que muito embora estejam fisicamente interligados, os estudos desenvolvidos não
contemplam essa interface. Tendo em vista a ocorrência de processos de
salinização nas águas superficiais no curso inferior do rio Almada, no sul do
Estado da Bahia.
O plano metodológico desenvolvido nesta
pesquisa buscou contemplar as inter–relações entre as águas estuarinas e
continentais. Foram utilizadas técnicas consagradas para avaliação
hidrogeoquímica e de isótopos ambientais estáveis, associado à modelagem
matemática através da utilização do aplicativo SisBaHiA (Sistema Base de
Hidrodinâmica Ambiental). Além destes, foram utilizados dados secundários de
precipitação pluviométrica e vazão fluvial, para a caracterização do regime
hidrológico.
O arranjo metodológico utilizado mostrou
importantes características nas águas superficiais do curso inferior do rio
Almada. Os resultados da avaliação das razões iônicas indicaram que a cunha
salina avança nas camadas mais profundas do canal alcançando a zona de maré do
rio. Concluiu-se que no processo de salinização da água superficial, não há
evidências da contribuição da água da subsuperfície em períodos de longa
estiagem tendo em vista os mecanismos internos, como a mineralização da água em
função dos aspectos geológicos e processos de evaporação.
As simulações realizadas considerando
períodos de cheias com vazões prescritas entre 8m³/s e 16 m³/s, e de estiagens
com vazões inferiores a 2 m³/s, associados a diferentes marés, foi possível
identificar as relações que contribuem para a penetração de sal além dos
domínios estuarinos. Os resultados mostraram que a propagação de onda de maré é
potencializada, pela característica do canal estuarino e alteração da corrente
marinha na região costeira de Ilhéus em face a ampliação do Porto do Malhado,
construído em mar aberto.
Estes aspectos contribuem para o aumento
do atrito (resistência), proporcionando uma maior incursão de ondas de marés
progressivas, possibilitando desta forma o deslocamento de massas de água do
mar a maiores distâncias. No período de cheias as simulações demostraram que
cunha salina alcança distâncias entre 7 km e 10 km da foz do rio Almada. Contudo,
o cenário simulado para o período de estiagem demonstrou que a cunha salina
avança a distâncias aproximadamente de 40 km da foz do rio, além dos limites do
estuário, alcançando uma importante fonte de captação de água para o
abastecimento público na região.
O arranjo metodológico desenvolvido
proporcionou o entendimento da salinização das águas superficiais de uma bacia
hidrográfica costeira, considerando as inter – relações de dois sistemas
distintos. A pesquisa foi orientada pelo
professor/Dr . Neylor Alves Calasans Rego(UESC), os examinadores externos os
professores/Drs. Antenor de Oliveira Aguiar Neto, da Universidade Federal de
Sergipe Gregório Guirado Faccioli, ambos da Universidade Federal de Sergipe
(UFS). Os examinadores internos os professores/Drs Francisco Carlos Fernandes de Paula e Marcelo
Friederichs Landin de Souza (UESC).
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