Terreiros do
'Bembé de Santo Amaro' pedem mais políticas públicas
"Temos uma festa que é 'Patrimônio
da Bahia' pelo Estado da Bahia, mas precisamos de parceiros e políticas
públicas permanentes que atendam os terreiros e a comunidade". As palavras
da yalorixá Lídia Queiroz do terreiro de candomblé Ilê Iaomam - com 92 anos de
fundado - resume o sentimento das comunidades de mais de 40 terreiros que
participam da Festa Bembé do Mercado. Registrada como 'Bem Cultural Imaterial'
baiano desde 2012, a manifestação popular acontece anualmente na semana do 13
de maio em Santo Amaro, cidade localizada a 78 km de Salvador. A festa é
realizada há 126 anos e comemora a libertação dos escravos, ocorrida em 1888.
O babalorixá Pai Pote, do terreiro Ilê
Axé Oju Onirê, autor do pedido de registro do Bembé feito ao IPAC, concorda com
a yalorixá Lídia e lamenta as condições precárias dos terreiros, defendendo a
inclusão de projetos para o município. "Precisamos de mais investimentos
em editais de cultura, em obras nos terreiros e serviços básicos",
ressalta. Para ele, já que foi "o povo negro que construiu o país, devemos
exigir mais valorização".
SALVAGUARDA - Vinculado à Secretaria de
Cultura do Estado (SecultBA), o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultura
(IPAC), foi o responsável pelas pesquisas para tornar a manifestação um
'Patrimônio da Bahia', produzindo livro e videodocumentário sobre o tema. As
declarações estão ocorrendo na medida em que o IPAC distribui a publicação para
os terreiros.
Segundo o diretor geral do IPAC, João
Carlos de Oliveira, ao decretar o reconhecimento de um bem cultural o Estado
passar a ter responsabilidades de proteção. "Temos que garantir a
salvaguarda dos terreiros. É por isso que a festa precisa ser pensada o ano
todo. Preservação dos terreiros, projetos socioculturais para as comunidade e
infraestrutura para a população devem ser prioridades", diz João Carlos.
Durante esses encontros, líderes, como o
Pai Gilson, do terreiro Ilê Axé Omorodé Loni Omorodé Oluaiê e a mãe Edna, do
Terreiro Centro do Caboclo Sete Flechas, destacaram a importância da publicação
do IPAC. "O livro é educativo e informativo, pois mostra o Bembé como ato
significativo. Estamos felizes porque as pessoas estão tomando consciência
dessa tradição", relata pai Gilson. "Agora, com o livro, o povo vai
saber como é a nossa festa", completa mãe Edna.
VERSÃO DIGITAL - Santo Amaro possui o
maior número (60) de terreiros das religiões de matriz africana no Recôncavo
que reúne cerca de 20 municípios. Em seguida, estão Cachoeira (48), Muritiba
(44), Cruz das Almas (35) e Valença (34). Nessa pesquisa da Secretaria de
Promoção da Igualdade Racial do Estado (Sepromi) foram identificadas 420
comunidades no Recôncavo e 116 na região do Baixo-Sul.
O livro do integra as ações salvaguarda
do bem cultural registrado que é o Bembé. Este é o sétimo volume da coleção
'Cadernos do IPAC'. São 160 páginas, mais de 170 imagens entre fotografias,
mapas e infográficos, além do vídeodocumentário de 52 minutos.
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