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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Tuma Jr. acusa Lula e o PT em livro dirigido às eleições de 2014

Tuma Jr. acusa Lula e o PT em livro dirigido às eleições de 2014

A busca da oposição por um escândalo capaz de abalar a hegemonia da presidenta Dilma Rousseff e do PT, rumo às eleições do ano que vem, ganhou neste domingo mais um capítulo. Embora não tenha repercutido como desejariam os artífices do que se aparenta mais com um factoide, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), tentou salvar o dia. Sampaio considera a entrevista do ex-secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr., de “esclarecedora e estarrecedora”. O autor do livro Assassinato de reputações – Um crime de Estado responde a um inquérito por envolvimento com a máfia chinesa no Brasil.
Sampaio vai requerer, na próxima terça-feira, à Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara a realização de audiência pública com a presença de Tuma Jr para esclarecer as graves denúncias feitas à revista Veja e que fazem parte de um livro que está sendo lançado.
– O ex-secretário Tuma Jr, que fez parte do alto escalão do Governo Lula por três anos, confirmou tudo aquilo que sempre denunciamos: a fábrica de dossiês petista, o até hoje obscuro assassinato político do prefeito Celso Daniel e a existência de uma conta no exterior para onde foram enviados os recursos do Mensalão, entre outras afirmações graves – disse Carlos Sampaio.
De caso com a máfia
A relação de Tuma Júnior com o chinês conhecido com Paulo Li foi mapeada ao longo dos seis meses da investigação que deu origem à Operação Wei Jin, deflagrada em setembro de 2009. Paulo Li foi preso com mais 13 pessoas, sob a acusação de comandar uma quadrilha especializada no contrabando de telefones celulares falsificados, importados ilegalmente da China.
Ao ser preso, Paulo Li telefonou para Tuma Júnior na frente dos agentes federais que cumpriam o mandado. Dias após a prisão, ao saber que seu nome poderia ter aparecido no inquérito, Tuma Júnior telefonou para a Superintendência da PF em São Paulo, onde corria a investigação, e pediu para ser ouvido. O depoimento foi tomado num sábado, para evitar exposição. Tuma declarou que não sabia de atividades ilegais de Li. O surgimento do nome Tuma Júnior no inquérito seguia em segredo até agora.
O esquema, estimou a PF à época, girava R$ 1,2 milhão por mês. Os aparelhos eram vendidos no comércio paralelo de São Paulo e no Nordeste. Denunciado pelo Ministério Público Federal pelos crimes de formação de quadrilha e descaminho, Li seguia preso até ontem.
Processado
Ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, citado no livro de Tuma Jr., anunciou que pretende processar o ex-secretário Nacional de Justiça por “acusações falsas” contra ele. O delegado aposentado fala sobre o livro na edição desta semana da revista Veja, da Editora Abril, para a qual conta ter recebido ordens do governo do PT para fabricar dossiês contra adversários políticos.
Na entrevista concedida ao repórter Robson Bonin, Tuma conta que a morte do então prefeito de Santo André Celso Daniel “foi um crime de encomenda” e que, como “delegado da área onde o crime ocorreu”, à época, acabou ouvindo uma “confissão” do ministro Gilberto Carvalho sobre a prática de desvios da prefeitura do município do ABC Paulista para campanhas políticas do Partido dos Trabalhadores.
– Quando saiu aquela história de que havia desvios na prefeitura, eu, na maior boa fé, procurei a família dele (de Celso Daniel) para levar um conforto. Fui dizer a eles que o Celso nunca desviou um centavo para o bolso dele, e que todo recurso que arrecadávamos eu levava para o Zé Dirceu, pois era para ajudar o partido nas eleições”, teria dito Carvalho numa conversa com Tuma, que o teria procurado quando “estava sob fogo cruzado na imprensa” – disse.
“Repudio as acusações absolutamente falsas do senhor Romeu Tuma Júnior. Vou processá-lo imediatamente, para que ele responda na Justiça pelas calúnias que fez contra mim”, afirma Carvalho, em nota divulgada pela Secretaria-Geral da Presidência neste sábado 7. À Veja, Romeu Tuma Júnior dispara ainda contra outros petistas, como o ex-ministro da Justiça Tarso Genro, hoje governador do Rio Grande do Sul, o ex-presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu.
Como funciona a mídia
Segundo o jornalista Paulo Nogueira, editor do site Diário do Centro do Mundo, “Li Kwong Kwen foi preso, em 2010. A Polícia Federal apurou que ele, conhecido como Paulo Li, era chefe de uma máfia chinesa que promovia contrabando de celulares falsificados procedentes da China. A quadrilha também intermediava vistos de permanência no Brasil para imigrantes chineses em situação irregular”.
“Gravações mostraram conversas comprometedoras de Li com o então secretário nacional da Justiça, Romeu Tuma Jr. Nas conversas, Tuma Jr chegou a fazer encomendas a Li. Era uma relação tão próxima que, quando foi preso, Li telefonou para Tuma Jr na frente dos agentes da Polícia Federal”, diz Nogueira.
Leia, adiante, o texto de Paulo Nogueira:
Coisas do Brasil da governabilidade: Tuma Jr chegou à Secretaria Nacional de Justiça numa negociação para que o partido de seu pai, Romeu Tuma, aderisse à base aliada do governo Lula.
Para encurtar, Tuma Jr acabaria demitido.
Três anos depois, ele aparece com um livro no qual, segundo a Veja, existem revelações “estarrecedoras”. Repare: não são “acusações”. São “relevações”.
Você pode imaginar quais são os alvos da vingança de Tuma Jr. Ou melhor: o alvo. Lula, Lula e ainda Lula.
Como age a mídia nestes casos, além de tratar acusações como revelações? Esquecendo, por exemplo, de dizer quem é o acusador e o que está por trás de suas acusações.
Fiz uma breve pesquisa e fui dar num artigo do jornalista Carlos Brickman de alguns meses atrás, publicado no Observatório da Imprensa, de Alberto Dines.
Brickman falava do livro, que estava por sair. Já no título o veredito de Brickman estava manifestado: “Um livro fura a imprensa”. Quer dizer: se fura é porque é sério, profundo, embasado.
Li duas vezes o texto de Brickman em busca de alguma informação que me ajudasse a entender quem é Tuma Jr, e o que estava por trás de suas acusações.
Nada.
Repito: nada.
Não há uma única menção às relações de Tuma Jr com a máfia chinesa, e sua consequente demissão.
De Brickman vou ao site da Veja. Topo com Reinaldo Azevedo. Em negrito, ele inicia assim seu artigo:
“O LIVRO-BOMBA – Tuma Jr. revela os detalhes do estado policial petista.”
Enfrentei o texto copioso de Azevedo. Como em Brickman, nem uma única menção ao passado de Tuma Jr. Ao pobre leitor são negadas informações essenciais se você quer cobrir com decência um caso de decnúncia.
Vejo que Tuma Jr, numa de suas mais estridentes acusações – ou “revelações” –, invoca o pai morto.
Quer dizer: o “documento” que ele apresenta no caso é a palavra, aspas, do pai morto.
Isto diz tudo.
Quanto a mim, aguardo um livro-bomba de Carlinhos Cachoeira com revelações devastadoras sobre Lula, e rio sozinho ao imaginar o aproveitamento que a Veja dará a isso.

Fonte: CORREIO DO BRASIL

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