Palácio da
Aclamação recebe Núcleo de Ópera da Bahia
O Palácio da
Aclamação, no Campo Grande, vai sediar o Núcleo de Ópera da Bahia, criado pelo
maestro Aldo Brizzi. O núcleo, que é formado por cerca de 70 músicos, cantores
e bailarinos, faz a estreia mundial da versão em português da ópera Treemonisha
com orquestração de Brizzi, nesta quinta-feira (26), às 21h, no Teatro Castro
Alves. Dividida em três atos, a obra do americano Scott Joplin (1868-1917),
considerado o rei do ragtime, foi a primeira ópera escrita por um compositor
negro que se tem notícia.
“O núcleo é um
projeto inovador que se encaixa na estratégia do governo estadual para
dinamizar espaços e museus, e o Aclamação tem perfil adequado para recebê-lo”,
diz o diretor do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC),
João Carlos de Oliveira. O IPAC fez a cessão de sala para ensaios e
apresentações.
Vinculado à
Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA) o IPAC gerencia o palácio, os
principais museus baianos e alguns espaços urbanos de Salvador como a Praça das
Artes (Pelourinho) e o Passeio Público (Campo Grande), dentre outros. “Na
perspectiva de reativar esses espaços, reabrimos o Passeio Público em 2015,
três estacionamentos no Pelourinho em outubro do ano passado (2016) e a Praça
das Artes com Cortejo Afro em novembro”, relata João Carlos.
SOLAR
OITOCENTISTA – “O Aclamação é um dos mais significativos museus-casas de
Salvador. Residência dos governadores da Bahia de 1912 até 1967, o solar
oitocentista foi ampliado com projeto do arquiteto italiano Filinto Santoro.
Abrigou visitantes ilustres, como a rainha Elizabeth II (1968), e se tornou
museu em 1991”, explica a socióloga Eliene Diniz, do setor de pesquisa e
documentação do palácio. Desde 2008, a diretoria de Museus (Dimus) do IPAC está
sediada no palácio.
O imóvel tem
dois pavimentos e mobiliário em estilo D. José I e Luiz XV, objetos de bronze,
porcelana e cristal, tapetes persas e franceses, além de pinturas de paredes e
forros criados pelo artista baiano Presciliano Silva (1883-1965), compõem o
acervo do palácio. No térreo, está o Salão Nobre, onde, segundo Eliene, o
núcleo vai ensaiar.
“Estamos
ansiosos para ensaiar com o piano de cauda Steinway, adquirido pelo Aclamação
na década de 40 pois é um dos melhores do Brasil, fabricado em cedro do Líbano,
madeira rara”, comemora Brizzi. Segundo ele, o Aclamação também vai sediar um
ciclo de apresentações com músicas de Dorival Caymmi e Richard Wagner.
TREEMONISHA – A
apresentação de quinta-feira (26) no TCA fala do período da escravidão, tema
comum à realidade brasileira e Joplin, devido às suas raízes afrodescendentes,
criou mistura de ritmos e melodias se fundindo em uma mensagem: somos todos
seres humanos e podemos conviver juntos.
“A versão apresentada no Teatro Castro Alves tem
a participação do Cortejo Afro e exalta o valor adjunto da cultura e da arte
brasileira e afro-brasileira miscigenada a cultura da música erudita, criando
assim, uma nova imagem da cultura sincrética e multiplural da Bahia, da sua
força e da sua criatividade”,